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Blog sobre a biblioteconomia, bibliotecário, biblioteca, informação, mensagem, usuário, TICs. O nome do blog foi "surrupiado" de um roteiro (para teatro ou cinema) escrito por Paulo de Castro, o maior bibliotecário da terra. E viva Kalímeros!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Livros digitais (e-books)

Quais as vantagens do e-book em relação ao livro tradicional (impresso)? Custo (de aquisição e manutenção), portabilidade, disponibilidade, dinamismo? Tenho dúvidas em relação ao papel dos livros digitais em bibliotecas "tradicionais". Sei que existem bibliotecas que utilizam esse formato há algum tempo. No começo de 2011 Biblioteca Central da UFMG estava analisando a possibilidade de adquirir e-books. Pelo custo, pela economia de espaço, pelo dinamismo do material. Saí da Universidade pouco depois e não sei se a coisa evoluiu.

Em conversas com o grande bibliotecário Leonardo Renault, falávamos sobre a forma de gestão deste material. Como seria sua "circulação"? A forma ideal, ou seja, a biblioteca de e-books ideal seria como a Brasiliana USP, onde o leitor tem liberdade para ler o livro no site ou baixar o arquivo para seu computador, pen-drive, celular, tablet, e-reader, etc. Mas entramos na seara dos direitos autorais. Como garantir que essa "circulação" não fira os direitos do autor (e a lei dos direitos autorais)? Pensávamos na forma de controlar o acesso (que pode parecer censura), de limitar as funcionalidades do arquivo (o que evitaria cópias ilegais), limitando seu manuseio à leitura. Sem permitir impressão, cópia para outro dispositivo ou alterações. Isso exigiria suporte técnico especializado. Outra forma, pensávamos, seria criar bibliotecas digitais com esse acervo de livros digitais, com acesso autorizado através de senha. Mais uma vez pensando em limitar controlar o acesso, permitindo apenas a leitura do material.

Muitas bibliotecas emprestam e-readers - ver exemplo das bibliotecas espanholas no trabalho de Andreia Gonçalves e Sadrac Silva que será apresentado no CBBD 2011 - o que é uma variação pouco criativa do velho empréstimo do documento impresso. Continuamos com a busca da concretude e trabalhamos com um objeto tangível. Digo que é pouco criativa porque temos que lidar com a mesma limitação da modalidade anterior, especialmente o limite de quantidade de material. Se temos poucos livros, atendemos a um número limitado de leitores; se tivermos poucos e-readers também. Uma vantagem dos e-books, que é sua virtualidade, a possibilidade de leituras múltiplas, se perde.

Voltamos outra vez aos direitos autorais. Temos que considerar que as editoras querem ter lucro com o comércio deste material. E elas vendem e-books como se fossem livros impressos. Uma editora da área de Direito, consultada pela biblioteca onde trabalho, informou que vende e-books mas instala uma licença nas máquinas onde eles serão utilizados. Cada versão digital do livro, que custa apenas 10% menos que o do valor do impresso, vem com seis licenças. Isso é pior que trabalhar com o livro impresso, pois restringe o uso do material a seis espaços físicos. Para pessoa física pode ser interessante, mas para uma biblioteca não é.


Sei que temos um dilema pela frente. Somos cobrados dia-a-dia a modernizar nossas ferramentas de trabalho; nossos futuros leitores têm o domínio natural das mais modernas tecnologias de informação. Mas esbarramos em questões de legais e culturais na hora de oferecer serviços modernos aos leitores. Culturais porque o conhecimento sedimentado em livros, produzidos também com intenções comerciais, é quase que dominante na academia. Os e-books de acesso livre ainda são raros, e quase sempre produzidos à partir de iniciativas de Universidades e órgãos públicos de pesquisa (exemplo disso é a Editora Cultura Acadêmica da UNESP; e a EDUFBA, que disponibiliza alguns de seus livros no Repositório Institucional da UFBA). Espero encontrar mais discussões sobre este tema nos futuros congressos da área de Biblioteconomia e CI, como vai acontecer agora no CBBD 2011, que terá dois trabalhos sobre o uso de e-readers e e-books em bibliotecas (ver aqui e aqui); e um terceiro apresentando um guia, em formato e-book, elaborado por bibliotecários da UFSC/UNISUL (ver aqui).


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Alguns sites que disponibilizam e-books para downloads:


http://www.ebookcult.com.br/acervo/index.php
http://virtualbooks.terra.com.br/freebook/freebook_portugues1.htm

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